WEB-NOVELA: Caindo para a vida - CAPÍTULO 2

                   

                                  Capitulo dois: O novato

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O caminho monótona era embalado pelas notas suaves do piano de Beethoven, algo bem típico de meu motorista. Suspirei ao sair da van,e rumei até a sala de aula.
Conto quatro carteiras e coloco minha mochila na quinta. Ainda não tinha decorado o lugar, mesmo em Abril. Percorri meus olhos pela classe, e vejo os mesmos rostos de sempre, e penso em como as pessoas continuam as mesmas, com as mesmas atitudes de sete anos atrás. Elas também não mudaram fisicamente, apenas cresceram. Algumas garotas com os seios fartos e com um bum-bum maior, como eu. Algumas continuam tendo picadas de mosquito. Os garotos agora tem barba, e ganharam músculos. Alguns até tem uma barriga de tanquinho, que faziam a todas as garotas suspirarem quando levantavam a camiseta. Mas as atitudes continuam as mesmas...Não, elas pioraram!
Me surpreendo ao ver um garoto de olhos negros sentado na carteira atrás, um novato. Finalmente um novo garoto na classe. Sabe, era bom ter pessoas novas na classe. Os garotos tinham três lados a seguir: O fundão, com uma parte da classe. Os normais, que tinham um grande lado nerd, mas apelavam para o fundão ás vezes. E os Nerds ou estranhos, a repartição da qual eu e meus amigos estavam. Quero dizer, apenas três pessoas na classe eram “estranhos”. Igor, um amigo gay. Odeio gente preconceituosa, mas ele realmente era estranho. Ele dizia que estuda em duas escolas e dá aulas de informática desde a quinta série, mas eu pedi um layout para o meu blog e ele até agora não fez. Nós achamos que ele é igual a Steff, uma amiga que ficou com gravidez psicológica na quinta série e bem... Nunca mais sabemos dela.
A Steffany (Teka para todos) tira notas baixas, mesmo andando com os nerds. Ela é amigas de todos os garotos do fundão.

Na sexta série, a Julia, a popular da escola me perguntou “Alba, por que é que você não diz nada?Quer dizer, você tem amigos?” Eu disse “Eu falo com a Gi as vezes. Mas eu não tenho grandes amigos aqui, e eu não ligo quando as pessoas não falam comigo” Tá, isso foi uma indireta bem “Para de fingir que quer ser legal e começa a zoação logo!Eu aguento”, mas foi justamente ao contrário “Então você não liga por não ter amigos?” Fui totalmente sincera ao dizer “Não. Na verdade, eu gosto. Não preciso disso” Ela arqueou a sobrancelha como sempre fazia quando não entendia algo e murmurou um “Tá né”.
Bem, a verdade é essa, eu sou um ser desprovido de sentimentos. Você deve ter dito “Desculpa aí, garota de ferro” como a Duda disse. Ela perguntou se eu amava a minha família e eu apenas respondi “Você sabe que eu só amo as pessoas por convivência” e bem, é isso. Eu via a minha mãe como uma colega, e apenas isso. No geral, não tinha contato com a minha família. Além de que, é algo bem raro eu sair de meu quarto. Eu só saio de madrugada, para usar o computador. E de tarde para tomar banho. Não saio para comer, já que tenho anemia e não sinto fome.
Fui interrompida de meus pensamentos quando Tais – algo que deveria soar como melhor amiga, mas eu não posso sentir nada. Apenas é uma pessoa com que eu tenho mais proximidade – sentou ao meu lado e disse:

• – Pensando em quê?
  – No passado.
  – Não é algo bom para se pensar, eu suponho – Dei um riso e logo respondi:
  – Bem, olhe para eles. Eles continuam os mesmos idiotas, apenas mudaram de tamanho
  – Sim, eu vejo isso. E você também não pode dizer muita coisa, ainda é calada e as pessoas mal sabem como é a sua voz, Alba. - Ela revira os olhos, mas ela estava certa
  –Urgh, sim. Eu prefiro não falar com ninguém, por aquele motivo. - Ela suspira e chama minhas outras amigas para dar uma volta.

Eu adoro não ter sentimentos na verdade. Quero dizer, eu não morro de amores pelo garoto popular do colégio(na verdade, eu nem sei quem é popular aqui)

– Diva *-* – Igor senta do meu lado, eu apenas olho para ele de relance – Ai, você é tão vazia, sabia? - eu dou uma risada e digo:
– Urgh, só estou pensando em como eu não estou afim de assistir aulas hoje
– Mata aula, ué. – fazia tempo que eu não faço isso. Ninguém vai sentir minha falta, apenas meu primo. Só ele sabe que eu vim hoje, o resto mal me nota.
– Você é um gênio – Eu dou um sorriso e pego minha mochila. Por sorte, não tinha nenhum monitor no corredor, porque sinal ainda não tinha batido. Jogo a mochila pelo muro e subo na cadeira que estava justamente ali para isso. Pulo para o outro lado do muro, caindo em pé.

Pego a minha mochila que estava no chão e dou uma olhada pela rua. Tinha várias pessoas andando, gente caminhando, crianças de 1ª à 4ª série brincando na rua, gente fumando, gente bebendo.

Ando até o supermercado onde a minha mãe trabalha e paro. Eu suspiro,pois sei que vou demorar para chegar em casa.
Alguns minutos se passam e eu vejo que realmente decorei o caminho (mesmo não tendo a melhor das memórias) , já estava em uma creche perto da minha casa. Decido ir ao parque atrás da creche para pensar na vida e relaxar. Eu ia lá todos os domingos com o meu pai, quando era criança. Mas depois ele se transformou em um crente fanático e cabeça-dura, de manhã ele trabalhava até a tarde e ia para a Igreja e ficava até a noite.Nos domingos acordava cedo para ir reformar a Igreja ou casas dos irmãos da Igreja. De noite, tinha culto então voltava para casa, tomava banho e ia para a Igreja.
Eu só via minha mãe quando ela vinha na minha casa, procurando o meu pai para fazer alguma reforma na casa dela. Eles são divorciados, mas minha mãe mora na casa do lado. Agora entende porque eu não consigo amar a minha família?Eles estavam ocupados de mais para outras coisas e esqueciam de mim. Isso desde os meus oito anos. Mas com onze tudo piorou.
Minha escola era longe, então eles pouco ligavam se eu estava indo bem ou não. Se eu levasse uma convocação, advertência ou suspensão, eles estavam pouco se preocupando
Minha vista ficou embaçada devido as lágrimas formadas em meus olhos, e de repente, senti que estava caindo. E dessa vez não caí de pé. Cai sentada e doeu muito.